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Marcelo Bonifacio

Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Possui experiência em pesquisa e análise nos mercados de commodities. É analista em Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil com foco em Açúcar e Etanol.
Este texto teve a colaboração de Luigi Bezzon.

Disparada nos custos dos fretes marítimos em 2021 contribui para a sustentação dos fertilizantes internalizados no Brasil

O índice de custos de frete marítimo da StoneX avançou 70% entre o início de 2020 até meados de junho de 2021, superando níveis pré-pandemia

Os fretes marítimos se tornaram uma preocupação a mais nos últimos meses para o comércio global. Os custos com o transporte internacional têm-se elevado a níveis recordes em diversas praças, encarecendo as despesas dos importadores neste momento de escalada nas cotações das principais commodities. Entre o início de 2020 e junho de 2021, o índice StoneX dos custos dos fretes marítimos, que considera as principais rotas comerciais do Brasil, acumula uma alta de 70%, ou seja, já superando e avançando além dos níveis pré pandemia.

O mercado brasileiro de fertilizantes é extremamente dependente de produto importado. Cerca de 80% dos adubos entregues aos agricultores em 2020 tiveram origem estrangeira, sendo que quase a totalidade destes havia sido importada por via oceânica. Neste contexto, o custo de frete incidente sobre as mercadorias transportadas pelo modal marítimo exerce impacto direto nos preços internalizados dos fertilizantes no Brasil.

Índice de custo dos fretes marítimos, principais rotas para o Brasil – StoneX (jan/2018=100)

Fonte: StoneX. Elaboração StoneX.

 

A situação nos portos

A pandemia do novo coronavírus provocou, instantaneamente, choques de oferta e demanda na economia global, com a imposição momentânea de restrições na circulação de pessoas para controlar o contágio. No primeiro semestre de 2020, tais restrições na economia global ocasionaram em uma séria recessão, que acabou impactando negativamente grande parte do fluxo comercial internacional.  No entanto, diante dos estímulos promovidos pelos governos nacionais, a fim de intervir na crise, por meio de programas de auxílios fiscais e monetários nunca vistos, a economia global começou a se recuperar. E, de certa forma, reaquecendo a demanda e impulsionando o transporte marítimo internacional, uma vez que a renda global começava a se estabilizar. No entanto, ainda em condições de oferta de bens apertada devido às incertezas do produtor.

A retomada da economia global se direcionou, principalmente, aos mercados de bens, uma vez que diversos serviços ainda estão limitados com a continuidade de várias medidas de restrição, provocando um salto na demanda por navios em grandes portos pelo mundo.

Somado a isso, justamente pelo desequilíbrio de O&D e pela incapacidade de o setor produtivo desempenhar níveis de investimento em tempo suficiente para suprir tamanha demanda, tem se encontrado uma indisponibilidade de containers, contribuindo para todo o contexto de forte alta nos fretes marítimos. O mundo está demandando mais containers neste primeiro semestre de 2021, do que no período antes da pandemia, como mostra o Índice de Movimentação de Containers, estimado pelo Institute of Shipping Economics and Logistics (ISL), que considera a oferta e demanda por containers nos principais portos do mundo. Não somente, a pandemia da Covid-19 afeta o dia a dia dos portos, onde o número de funcionários precisou ser reduzido por conta de lockdowns e outras medidas de restrição de mobilidade.

Índice de Movimentação de Containers

Fonte: Institute of Shipping Economics and Logistics (ISL)

 

Diante deste cenário, dificilmente a escassez da oferta de transporte terá uma solução no curto prazo, conforme a retomada da economia global aperta seu passo e cada vez mais países voltam a se abrir para o comércio internacional, aumentando a demanda por transporte e sustentando seus preços e custos para os demandantes.

Fretes x Petróleo

Além da questão da O&D por cargas, navios e containers, também é importante observar a variação dos custos do transporte marítimo para entender a forte alta nos preços dos fretes nos últimos meses. Os combustíveis utilizados nas navegações representam o principal custo das viagens, e são derivados diretos do petróleo, tornando os custos por navegação diretamente relacionados à valorização da commodity. Desde o início de janeiro de 2021 até meados de junho, o preço benchmark do barril Brent saltou 44%, seguindo a retomada da demanda global e sustentando ainda mais os custos de navegação.

Para os próximos meses, a equipe de Inteligência em Energia da StoneX ressalta que deveremos seguir com os preços do petróleo fortalecidos, sustentando os custos de navegação.  De acordo com projeções da OPEP+, a expectativa para o final do ano, no balanço de O&D do petróleo, é de um déficit de 1,4 milhão de barris por dia, provocado principalmente pela expectativa de aumento no consumo por combustíveis fósseis no segundo semestre deste ano. E justamente essa expectativa de déficit futuro e demanda aquecida é o que tem impulsionado os preços do petróleo atualmente.

Desdobramento nos preços dos fertilizantes

No caso dos fertilizantes, o preço final do produto nas mãos dos agricultores certamente está sendo impactado pela alta nos custos de frete. No entanto, é importante ressaltar que apesar de ser uma variável relevante no preço do nutriente internalizado, o frete marítimo não é principal causador da recente alta observada no complexo NPK, tampouco possui um comportamento igual entre todos os tipos de nutrientes.

Quando olhamos para o MAP, por exemplo, o índice de preço CFR Paranaguá (sem o custo de frete) registrou uma escalada de 77% entre janeiro de 2020 e junho deste ano, com o Brasil importando, entre janeiro e maio, 1,7 milhão de toneladas do nutriente em 2021, sendo 42% provenientes do Marrocos. O índice StoneX dos custos de frete na rota Marrocos-Brasil acumula uma valorização de cerca de 56% no mesmo período. Ou seja, apesar da forte alta dos fretes no período, a participação destes no custo do nutriente pago no Brasil diminuiu diante da valorização ainda maior do fosfatado.

Se formos avaliar outro nutriente, como o KCl, essa relação é diferente. O índice de preço do potássico CFR Paranaguá valorizou 93% entre o início de 2021 até meados de junho, tendo o Brasil importado 4 milhões de toneladas do fertilizante entre janeiro e maio de 2021 – cujas principais origens foram Rússia (30%) e Canadá (27%). O índice dos custos de frete marítimo na rota Vancouver-Paranaguá, por sua vez, subiu 165% no mesmo período, ganhando maior participação no preço do produto internalizado que há 6 meses. Do mesmo modo, a rota Brasil-Rússia obteve uma alta de 62% no período.

Embora os custos de frete possuam um importante peso no preço final dos fertilizantes importados, sua recente valorização não é capaz de explicar sozinha a forte escalada nos preços observada nos nutrientes nos últimos meses, sendo apenas um fato “a mais” que tem corroborado para os patamares historicamente altos que observamos atualmente.

Marcelo Bonifacio

Formado em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Possui experiência em pesquisa e análise nos mercados de commodities. É analista em Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil com foco em Açúcar e Etanol.
Este texto teve a colaboração de Luigi Bezzon

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