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Leonardo Rossetti

Formado em Ciências Econômicas pela UNICAMP, trabalha desde 2019 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, atuando nas análises sobre os mercados de café, cacau, câmbio e macroeconomia.

Com a inflação de setembro, o preço do café moído acumula alta de 24,2% no ano. O que esperar para os próximos meses?

Em meio a aversão ao risco no exterior, dólar atinge maior nível desde abril

Em meio ao sentimento global de maior aversão ao risco, o dólar voltou a romper o patamar dos R$ 5,50, o que não ocorria desde abril, e engatou sua quinta semana consecutiva de valorização no mercado cambial brasileiro. A divisa americana encerrou cotada a R$ 5,51, em forte alta de 2,7% em relação à sexta-feira anterior, enquanto o dollar index terminou em estabilidade, próximo dos 94,1 pontos.

De maneira geral, a semana foi marcada por maior aversão ao risco nos principais mercados globais, marcada pelas preocupações com uma possível crise no fornecimento global de importantes matrizes energéticas, que levou a cotação do petróleo WTI a suas máximas em 7 anos, enquanto o gás natural atingiu seus maiores valores em mais de 7 anos. Contribuiu para cautela dos investidores o impasse entre republicanos e democratas para a aprovação no Congresso de medida para suspender ou elevar o limite da dívida pública americana, para evitar que o país entre em “default” pela primeira vez em sua história.

De acordo com a secretária do Tesouro, Janet Yellen, caso os Estados Unidos os Estados Unidos ficarem sem pagar as contas governamentais poderia gerar efeitos “catastróficos”, comprometendo a reputação do título de dívida americana como ativo mais seguro do mundo, podendo provocar turbulências no mercado financeiro e uma possível recessão. Ao final da semana, o Senado do país conseguiu entrar em acordo para aprovar temporariamente um aumento do limite de endividamento, o que trouxe algum alívio dos agentes, no entanto, uma decisão definitiva deve ser debatida e votada apenas em dezembro.

 

Na sexta-feira, a menor geração de empregos nos Estados Unidos, também elevaram as dúvidas acerca do ritmo de recuperação da economia americana. Segundo o Departamento de Estatísticas do Trabalho (BLS), o saldo entre contratações e demissões do país em setembro foi de 194 mil vagas, enquanto as projeções do mercado esperavam por 475 mil. O mercado de trabalho americano tem mostrado dificuldades em seguir um ritmo consistente em sua recuperação, o que eleva as dúvidas sobre se o Fed manterá a expectativa de início da redução dos estímulos monetários frente a uma retomada “incompleta” do mercado de trabalho.

No Brasil, as divulgações no geral trouxeram sentimento negativo em relação à recuperação da economia brasileira. As divulgações do IBGE indicaram uma deterioração na perspectiva de recuperação para o segundo semestre. A Pesquisa Industrial mensal indicou uma retração de 0,7% na produção industrial em agosto, terceiro mês consecutivo de queda, acumulando retração de 2,3% nos últimos 3 meses. Já o setor varejista registrou recuo de 3,1% em agosto, contra uma expectativa dos analistas de avanço de 0,7%. A continuidade dos problemas na cadeia de suprimentos globais, as taxas de desemprego elevadas e queda do poder de compra da população frente à inflação acelerada então entre os principais fatores para os desempenhos negativos.

Inflação cresce 6,9% em setembro, preços de café ao consumidor final avançam 5,5%

O IBGE divulgou na última sexta-feira o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, que com alta de 1,16%, alcançou sua maior variação para o mês desde 1994. Nos 9 primeiros meses do ano, o índice acumula 6,9% de alta, com avanço de 10,25% nos últimos 12 meses. Entre os principais responsáveis para o resultado, figurou novamente a energia elétrica (+6,47%), com o início da aplicação da bandeira tarifária “Escassez Hídrica”, que que acrescenta R$ 14,20 na conta de luz a cada 100 kWh consumidos, com altas significativas também para o gás de cozinha e combustíveis.

Segundo o indicador, os preços de café moído registraram um avanço de 5,5% nas gôndolas dos mercados brasileiros em setembro, depois de ter crescido 7,51% no mês de agosto. Os resultados dos últimos dois meses têm mostrado um repasse mais robusto por parte da indústria aos preços para o consumidor final, que pode ter se intensificado após a nova rodada de rali nas cotações a partir do final de julho, quando os efeitos das geadas no Brasil alçaram preços globais a novos patamares, que tem permanecido em Nova Iorque entre US₵ 180/lb e US₵ 200/lb desde então.

Evolução mensal dos preços de café ao consumidor no brasil em 2021

Fonte: IBGE. Elaboração: StoneX.

Ao observarmos o acumulado do ano, o café moído detém alta de 24,2%, nível bastante acima do IPCA e do próprio grupo e subgrupo em que está alocado, de alimentação e bebidas (5,84%) e bebidas e infusões (7,27%), respectivamente. Entre os mais de 400 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, o preço do café moído se encontra na posição de 18º que mais cresceu no ano. Já o café solúvel registra avanço abaixo da média de todos os produtos, tendo acumulado um incremento de 5,08% nos seus preços em 2021.

Evolução mensal dos preços de café ao consumidor no brasil em 2021 – Acumulado em 12 meses

Fonte: IBGE. Elaboração: StoneX.

Diante deste cenário, restam algumas perguntas, como até que nível os repasses das indústrias aos supermercados conseguirão ser realizados, e se uma continuidade das altas pode afetar de alguma maneira o consumo total no Brasil.

 

Até o final de setembro, segundo o indicador CEPEA, os preços de café arábica comercializado pelo produtor brasileiro se valorizaram 84,6%, enquanto os valores do café robusta subiram 102,6%. Levando estes valores em consideração, teoricamente ainda existe um espaço significativo para que os preços ao consumidor final avancem por ao menos mais alguns meses. No entanto, é provável que parte destas altas não sejam transmitidas aos mercados. As redes de supermercados, por sua vez, têm resistido frente às torrefadoras para que os repasses de preços ocorram da forma mais gradual possível, a fim de não prejudicar tanto sua lucratividade quanto o nível de consumo da população, o que pode garantir avanços menos bruscos na ponta final da cadeia do produto, se comparada com a volatilidade apresentada pela commodity.

No entanto, é certo que se mantidos os atuais patamares das cotações nas bolsas e nas praças domésticas, o IPCA deve mostrar novas altas significativas para o café moído até o final de 2021. Uma retomada de relativa normalidade e maior previsibilidade no mercado global de café, com o reestabelecimento das cadeias logísticas globais, uma colheita bem-sucedida na Colômbia, América Central e Ásia, e uma recuperação mais expressiva da moeda brasileira, são fatores que de forma conjunta podem contribuir para amenizar a intensidade do crescimento dos preços globais nos próximos meses, e principalmente no mercado brasileiro.

 

Leonardo Rossetti

Formado em Ciências Econômicas pela UNICAMP, trabalha desde 2019 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, atuando nas análises sobre os mercados de café, cacau, câmbio e macroeconomia.

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