A soja é uma commodity agrícola. Para ser caracterizada como tal, a oleaginosa precisa atender algumas características: padronização, não ser facilmente perecível, ser amplamente negociada ao redor do mundo e contar com muitos produtores e compradores. Usualmente, as commodities são produtos de menor valor agregado, como matérias-primas utilizadas para se produzir outras mercadorias.
Considerando sua classificação como commodity, o preço da soja é definido internacionalmente, respondendo a alterações no balanço de oferta e demanda global e adotando como referência principal a Bolsa de Chicago. Os players do mercado, como um produtor da oleaginosa, por exemplo, não conseguem influenciar os preços, a não ser por alguma especificidade local, trabalhando com os níveis determinados pelas forças de oferta e demanda. Assim, tradicionalmente, em períodos de estoques mundiais mais restritos de soja, os preços tendem a ficar mais elevados, enquanto uma oferta muito superior ao consumo condiciona uma queda das cotações.
Outro fator a ser considerado é o custo de produção, que tende a crescer ao longo do tempo, impactando o preço da soja. Entretanto, são variações no equilíbrio entre oferta e demanda que provocam variações bruscas nas cotações. Neste último caso, destaca-se a quebra de safra nos Estados Unidos em 2012, que levou os preços da oleaginosa aos seus níveis máximos históricos, perto de US$ 18,00 por bushel.
Apesar de a oferta de soja ser distribuída em um grande número de produtores ao redor do mundo, o grão é majoritariamente produzido em somente três países: Estados Unidos, Brasil e Argentina. Com isso, qualquer quebra de safra mais grave em uma destas localidades tende a afetar a disponibilidade mundial da oleaginosa.
Já o comportamento da demanda tende a apresentar um padrão mais previsível, com tendência de crescimento ao longo dos anos, mas sem variações tão bruscas. Contudo, como a China é a maior consumidora de soja e o destino de grande parte das exportações de Brasil e Estados Unidos, o contexto atual de casos recorrentes de peste suína africana no país tem trazido grande preocupação. Há perspectivas de que a demanda chinesa de soja possa cair acentuadamente afetando o balanço mundial da oleaginosa.
Para além das variáveis de oferta e demanda, medidas que distorcem a formação de preço da soja também podem influenciar o nível das cotações, a exemplo da guerra comercial entre China e EUA, que pressionou os preços em Chicago e resultou em prêmios muito fortalecidos sobre a soja brasileira.
Originalmente publicado na Revista Agropecuária Coopercitrus (edição nº 391, maio de 2019).