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Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.
Este texto teve a colaboração de Marcelo Bonifacio, Arthur Machado, João Lopes e Luigi Bezzon.

WASDE traz surpresas para alguns mercados

Análises dos números de novembro do USDA, para soja, milho, trigo, algodão e óleos vegetais

O relatório mensal de oferta e demanda do USDA de novembro trouxe algumas surpresas com impactos nos mercados. Acompanhe a análise dos principais destaques para soja, milho, trigo, algodão e óleos vegetais neste relatório.

Soja

Para a soja, o USDA foi na direção contrária das expectativas do mercado e reduziu levemente a expectativa da produção dos EUA 2021/22 para 120,4 milhões de toneladas, resultado da queda da produtividade média, para 51,2 bushels/acre (3,44 toneladas/hectare). Destaca-se que, diferentemente do estimado em outubro, em 121 milhões de toneladas, e do último número da StoneX, em 122,2 milhões de toneladas, esse nível de produção trazido pelo Departamento não configura um recorde, ocupando a segunda posição como maior safra já alcançada pelos EUA, levemente atrás do registrado em 2018/19.

Produção de soja – EUA (milhões de toneladas)

Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Apesar da produção menor, houve também uma revisão para baixo do volume esperado de exportações norte-americanas até agosto de 2022, além de uma revisão do consumo doméstico, o que elevou a expectativa de estoques finais da oleaginosa para 9,25 milhões de toneladas. Não houve alterações no balanço de soja 2020/21 do país.

Essa surpresa com o corte da produção norte-americana condicionou um rali de preços após o relatório, apesar de o balanço ter ficado mais folgado.

De maneira geral, houve outras revisões que também foram na direção do aumento da oferta de soja esperada para 2021/22, como o aumento da produção esperada na Índia e o corte de 1 milhão de toneladas nas importações chinesas, que ficariam em 100 milhões.

Mesmo assim, no balanço mundial, o consumo cresceu e a produção caiu, levando a uma pequena redução dos estoques finais, de menos de 1 milhão de toneladas, para 103,8 milhões. É importante destacar que até o final da safra, mudanças significativas ainda podem ocorrer. Por exemplo, considera-se que o corte das exportações dos EUA não foi suficiente diante do atraso nas vendas e nos embarques.

De qualquer forma, pelo lado da oferta, novos ajustes de produção nos EUA só devem voltar a ocorrer no relatório de janeiro, deixando a demanda no centro das atenções, além das perspectivas para a próxima safra, 2022/23, num momento em que se discute possíveis migrações de área, num cenário de custos elevados, com destaque para os fertilizantes.

Milho

Para o milho, o USDA elevou seu número para o rendimento da safra norte-americana 2021/22, para 177 bu/acre (11 t/ha), praticamente igual à expectativa média do mercado, de 176,9 bu/acre (11,10 t/ha), e contra 176,5 bu/acre (11,08 t/ha) no relatório anterior.

Desse modo, a produção também aumentou, para 382,6 milhões de toneladas, contra estimativa média do mercado de 382,3 milhões de toneladas e 381,5 milhões na publicação passada. A StoneX estima que a produção norte-americana totalizará 384 milhões de toneladas na temporada 2021/22, apresentando um rendimento médio de 177,7 bu/acre (11,15 t/ha).

O USDA também aumentou sua estimativa de consumo doméstico em comparação com o último relatório, em 1,3 milhão de toneladas, para 313,2 milhões. Essa revisão refletiu a expectativa de um maior uso do milho para a produção de etanol, agora estimado em 133,4 milhões de toneladas, diante de margens muito favoráveis nas usinas norte-americanas.

Com essas revisões nas estimativas de oferta e demanda, o estoque final permaneceu praticamente estável em comparação com o número divulgado no mês passado, em 37,9 milhões de toneladas, levemente acima da expectativa média do mercado, de 37,6 milhões de toneladas.

Passando para o balanço mundial, a estimativa de produção global para a safra 2021/22 aumentou em 6,4 milhões de toneladas, refletindo com revisões para cima na produção da Argentina e da União Europeia – além do aumento já comentado nos EUA. A produção do país sul-americano foi revisada em 1,5 milhão de toneladas, para 54,5 milhões, motivada pela expectativa de um maior plantio do milho tardio.

Pelo lado do consumo, a demanda total pelo cereal foi elevada em 5,6 milhões de toneladas, puxada principalmente pelo uso para a alimentação humana, produção de sementes e industrial, visto que o uso para ração animal aumentou apenas 1,1 milhão de toneladas.

Além disso, vale destacar também algumas revisões para a safra 2020/21. O Departamento elevou as importações chinesas em 1,5 milhão de toneladas, para 29,5 milhões, aumentou as exportações argentinas, em 1 milhão, para 28,5 milhões de toneladas, e reduziu os embarques brasileiros, em 2,5 milhões de toneladas, para 17,5 milhões, número acima do estimado pela StoneX (16 milhões de toneladas).

O reflexo de todas essas alterações foi o aumento de 2,7 milhões de toneladas nos estoques finais globais para a safra 2021/22, para 304,4 milhões de toneladas, acima do limite superior das estimativas do mercado, que variavam entre 294 e 303,9 milhões de toneladas.

Indicadores selecionados – Milho (milhões de toneladas)

Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Trigo

Em relação ao trigo, a atualização do WASDE (nov/21) reforçou o cenário que já vinha sendo observado, de uma relação mais ajustada entre oferta e demanda globais. A perspectiva é de que seja observado em 2021/22 um menor nível de oferta global de trigo, em razão da revisão dos estoques iniciais (287,95 milhões de toneladas) e da queda da produção (775,28 mi t). Vale lembrar que o ano safra corrente foi marcado por fortes correções das estimativas de importantes países produtores e exportadores. Em sua atualização mais recente, o USDA trouxe menores níveis de produção para a UE (-1,0 mi t) e Reino Unido (-0,7 mi t), que compensaram parcialmente a elevação da estimativa para a Rússia (+2,0 mi t).

Na Europa, apesar do aumento da expectativa para a produção romena, a queda da estimativa de produção é resultado das revisões dos números nacionais da França e da Alemanha. Enquanto, na Rússia, o aumento da produção é sustentado por rendimentos acima do esperado, mesmo com uma menor área colhida.

Esse cenário de menor oferta faz frente a um leve aumento do consumo, impulsionado pelo aumento do consumo animal na Rússia, Irã e Turquia, que compensam as reduções observadas na UE, Reino Unido, Ucrânia e Uzbequistão. No mais, o USDA ainda projeta um aumento das exportações mundiais, para o recorde de 203,2 milhões de toneladas, sobretudo em razão do aumento dos embarques da UE, Índia, Rússia e Ucrânia. Os estoques finais 2021/22 foram reduzidos de 277,2 para 275,8 milhões de toneladas, em razão das quedas na Austrália (-0,5 mi t), UE (-0,98 mi t) e Índia (-1,0 mi t).

Para os EUA, o USDA trouxe um menor nível de oferta do cereal de inverno, sobretudo devido a um menor volume esperado de importações. Por outro lado, o Departamento projetou um pequeno aumento do consumo interno frente ao balanço de out/21, passando de 31,6 para 31,65 milhões de toneladas – esse aumento é sustentado pelo maior uso antecipado de sementes para 2022/23. De acordo com o USDA, devido ao aumento dos preços domésticos das subclasses HRS e White, além de vendas abaixo esperado para esse período do ano, as exportações também foram revisadas negativamente. No conjunto, os estoques finais dos EUA foram revisados positivamente, mas, ainda assim, seria o menor nível observado desde 2007/08.

Participação na produção – Trigo

Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Algodão

Para o algodão, o relatório trouxe poucas alterações. Os agentes apostavam em decréscimos na produção e no consumo globais, resultados de problemas em algumas safras do hemisfério norte, em especial na Índia, e dos diversos gargalos do lado da demanda, como a desaceleração da economia chinesa e a crise na logística marítima mundial. Contudo, os dados acabaram tendo uma repercussão mais neutra.

Do lado da oferta, o USDA revisou a produção mundial para 26,52 milhões de toneladas na safra 21/22, um acréscimo de 330 mil toneladas frente ao projetado em outubro e 8,6% maior em relação a 20/21. As condições da safra nos Estados Unidos, onde mais de 60% do algodão é classificado como “bom ou excelente” por várias semanas consecutivas, continuam sendo refletidas na projeção de produtividade no país, que teve elevação de 871 libra/acre para 880 libra/acre, com a produção do país subindo para 3,96 milhões de toneladas. Outras revisões importantes vieram nas safras da Austrália e do Brasil, que tiveram incrementos de 150 mil e 130 mil toneladas, respectivamente, em suas expectativas de produção na temporada 21/22, ajudando nesse aumento global.

Para a demanda, houve um aumento da projeção de consumo mundial em 150 mil toneladas, para 27,02 milhões de toneladas na safra 21/22. Esse movimento foi puxado por Paquistão, Bangladesh e, principalmente, pela Índia, onde o consumo doméstico passou de 5,55 milhões, em outubro, para 5,62 milhões de toneladas, refletindo a retomada forte da economia indiana e da sua indústria têxtil. Mesmo com a produção crescendo mais do que o consumo, os estoques globais tiveram leve recuo, como reflexo da safra anterior, mantendo o tom mais neutro da publicação para a fibra natural.

É importante destacar alguns dados referentes à China e à Índia. Os estoques indianos, embora tenham sido revisados em outubro e agora, em novembro, podem estar ainda superestimados, uma avaliação que é reforçada principalmente pelas recentes perdas nas plantações da região de Muntajat, que sofreu com focos de lagarta rosada. Por fim, a demanda chinesa foi revisada em outubro, mas não houve mudanças neste relatório. A China tem enfrentado questões domésticas como a crise energética, que envolve a escassez do carvão mineral e uma desaceleração, embora tímida, de sua economia. Outra variável crítica, que pode afetar a demanda pela pluma nos próximos meses, é a crise logística global, evidenciada pela falta de navios e contêineres frente à retomada brusca do comércio, especialmente no mercado de commodities. Neste cenário, o USDA manteve a sua projeção de exportações estadunidenses, quando o mercado apostava em uma alteração para cima.

Indicadores selecionados – Algodão (milhões de toneladas)

Fonte: USDA. Elaboração: StoneX.

Para o óleo de palma, a principal revisão de novembro foi o aumento em 2,7% nas expectativas de importação da Índia em 21/22, favorecidas pelas reduções tributárias fornecidas pelo governo indiano nos últimos meses para importação de óleos vegetais.

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Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.
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