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João Lopes

João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.
Este texto teve a colaboração de Ana Luiza e Marcelo Bonifacio..

Ritmo acelerado do plantio no Mato Grosso deve favorecer safrinhas de milho e algodão

Além de um cenário mais favorável para os trabalhos de campo, demanda e preços também devem estimular crescimento da área plantada dos grãos e algodão

O Brasil enfrenta um período seco bem marcado no centro-sul durante os meses de inverno, com as chuvas retornando a partir de setembro e permitindo o início da safra de soja em vários estados, incluindo o Mato Grosso. Contudo, em 2020, houve demora na regularização das chuvas, o que prejudicou o plantio no estado, postergando também a colheita da oleaginosa.

Como as segundas safras de algodão e de milho no estado, que em ambos os casos respondem por grande parte da produção (cerca de 85% do algodão mato-grossense e quase 100% do milho), são implantadas nas mesmas áreas onde a soja é colhida, o andamento da safra da oleaginosa é fundamental para os ciclos do cereal e da pluma.

Esse atraso na soja 2020/21 impactou diretamente a semeadura da safrinha de algodão, cuja janela ideal de plantio é entre dezembro e janeiro, com 68% do plantio realizado fora desse período ótimo. Além disso, essa conjuntura desfavorável obrigou os agricultores a reordenar as suas áreas de cultivo, deixando de plantar parte do algodão ou trocando por outras culturas, como o milho, que apresentava um cenário consideravelmente mais atrativo que o da pluma naquela época.

Uma das questões que melhor ilustra o momento favorável vivenciado pelo cereal na ocasião era o ritmo de comercialização. Segundo acompanhamento da StoneX, cerca de 67% da safrinha 2020/21 de milho havia sido negociada até o final de 2020, enquanto até o final de 2019, 57% da safrinha 2019/20 tinha sido comercializada. Por outro lado, segundo dados do Imea, o algodão vivia situação oposta. Cerca de 54% da safra 2020/21 da pluma havia sido negociada no Mato Grosso, ao passo que, até o final de 2019, a comercialização da safra 2019/20 tinha atingido 73%.

Essa diferença no rimo de comercialização indicava um maior apetite de compra pelo milho, cujo balanço já estava restrito em função da demanda aquecida, resultando em estoques de passagem apertados para a safra 2019/20. Para o algodão, por outro lado, seu consumo foi intensamente impactado em 2020 pela queda da atividade têxtil no Brasil e nos principais polos internacionais, em função da crise causada pela pandemia da COVID-19, que resultou em estoques recordes do algodão brasileiro ao final da temporada 2019/20.

Outra questão que ajuda a ilustrar o bom momento do cereal frente à pluma era a questão dos preços. Por mais que a pluma fosse cotada, em média, a R$ 122,91/@ no Mato Grosso em dezembro de 2020, apresentando uma valorização de 36% no comparativo anual, o preço do cereal alcançava R$ 59,94/sc, 50% a acima do observado em dezembro de 2019, o que aumentou a atratividade do grão em relação ao algodão.
Evolução do preço médio do milho e do algodão em Mato Grosso (jan/21 = 100)

Fonte: IMEA. Elaboração: StoneX.

Como resultado, depois de uma safra 2019/20 favorável para o cotonicultor mato-grossense, que plantou mais de um milhão de hectares e produziu 2,1 milhões de toneladas de algodão, a área plantada na temporada seguinte caiu para 942 mil hectares, segundo dados do IMEA e da Conab. Ainda segundo a Conab, a produtividade no estado saiu de 1.799 kg/hectare para 1682 kg/hectare nesse período, resultando assim numa produção 400 mil toneladas menor.

No caso do cereal, os atrasos no plantio, cujo melhor período fica entre janeiro e fevereiro, também contribuíram para a quebra observada na safrinha 2020/21, destacando que as chuvas abaixo da média impactaram mais fortemente as lavouras semeadas mais tarde. De acordo com a estimativa da StoneX, o rendimento médio em Mato Grosso foi de 5,3 toneladas/ha, uma queda de 19% frente à safra 2019/20, o que, mesmo com o aumento de 12% na área plantada, resultou em uma produção de 30,8 milhões de toneladas, 9% menor em comparação com a safra anterior.

Em 2021, por outro lado, o início favorável do plantio na soja no Mato Grosso deve afastar a possibilidade de um cenário parecido com o ano passado, inclusive, com as previsões de chuva acima da média em outubro e com estimativas de crescimento das áreas da soja, do algodão e do milho.

Evolução do plantio da soja em Mato Grosso

Fonte: StoneX. Elaboração: StoneX.

Dessa maneira, as estimativas para as safras 2021/21 no estado estão excelentes. Para a soja, a StoneX estima uma área plantada recorde de 10,8 milhões de hectares, aumento de 5,8% frente ao ciclo anterior, com uma produção também recorde, de 37,8 milhões de toneladas.

Para o algodão, de acordo com as novas estimativas divulgadas pelo IMEA para a safra 2021/22, a área plantada deve voltar à casa de 1 milhão de hectares, sendo 940 mil de algodão safrinha, representando um avanço de 15,6% em relação ao cultivo da safra anterior.

No caso do milho, o IMEA espera que a área plantada da safrinha do próximo ano alcance 6,2 milhões de hectares, um crescimento anual de 6,4%, com a produção podendo atingir o recorde de 39,6 milhões de toneladas. A StoneX começará a divulgar números para a safrinha 2021/22 por estado no próximo relatório de estimativa de safra, em novembro.
Área plantada de milho e algodão em Mato Grosso (milhões de hectares)

Fonte: IMEA e StoneX. Elaboração: StoneX. *Estimativa IMEA

Essas boas perspectivas para os produtores de soja, milho e algodão no estado ocorrem num cenário de demanda aquecida nos mercados doméstico e externo.

No caso da soja, as cotações em Chicago têm apresentado tendência de queda, em meio às perspectivas positivas para a safra norte-americana e com as compras chinesas da oleaginosa dos EUA mais fracas. Mesmo assim, é importante lembrar que, como a oferta de soja é muito concentrada, o cenário pode mudar rapidamente. Um ponto de atenção é a safra Argentina, que deve registrar redução de área, além das preocupações com um possível La Niña.

Para o algodão, destacam-se os preços atrativos, internamente e externamente, pela demanda global crescente e pelo consumo doméstico também avançando, ambos puxados pela recuperação das economias global e brasileira. Segundo o USDA, o consumo global na safra 21/22 deve avançar 4%, chegando a 27 milhões de toneladas. Os preços futuros do algodão em Nova York registraram as máximas dos últimos 10 anos, acima de US¢ 100 libra-peso.

No mercado interno, a retomada da economia brasileira impulsiona as compras internas de algodão. A Conab estima um aumento de 5,5% no consumo doméstico para o próximo ciclo, que deve ser de 765 mil toneladas. De 2020 para 2021, a variável já havia apresentado crescimento de 20%, evidenciando a recomposição do consumo interno de algodão.

Nesse contexto, o preço físico do algodão brasileiro registra diariamente valores nominais recordes. No dia 7 de outubro, o índice CEPEA/Esalq alcançou R$ 5,95/libra-peso, alta semanal de 5%, mensal de 11% e de 56% em relação ao primeiro dia do ano de 2021.

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João Lopes

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