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João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.

Quebra de safra impulsiona cotações do milho na Ucrânia

Em meio ao encarecimento e à menor disponibilidade do grão, exportações ucranianas devem ser impactadas negativamente

A Ucrânia é um dos players de grande importância para o balanço de oferta e demanda global de milho. Segundo dados do USDA, o país foi o 7º maior produtor e o 4º maior exportador do cereal na temporada 2019/20.

Geralmente, o último trimestre do ano é marcado por um recuo nos preços do grão ucraniano, visto que no final de setembro se inicia a colheita do cereal no país. Com a entrada do milho no mercado, esperava-se que os preços físicos recuassem, ou, ao menos, mantivessem um patamar similar ao do trimestre anterior, o que não ocorreu.

Segundo dados do Ministério da Economia local, até o dia 16 de novembro, cerca de 82% da área plantada de milho havia sido colhida, resultando na entrada de 22,7 milhões de toneladas do grão ucraniano no mercado. Mesmo em meio ao aumento da oferta do cereal, a cotação (FOB) chegou a US$ 242,00/ton no país, sua máxima nominal. Na última sexta-feira (20), o cereal estava precificado a US$ 234,00/ton, cerca de 40% acima da média de 3 anos para o mesmo período, de US$ 165,00/ton.

Ucrânia | Evolução dos preços (FOB) de milho (US$/ton)

Fonte: Reuters.

Um dos principais motivos para que o milho ucraniano esteja em tal patamar é a firme demanda dos importadores. A China usualmente vinha concentrando suas importações de milho na Ucrânia, apesar de no ciclo 2020/21 estar comprando muito dos EUA. De qualquer forma, em seu último relatório de O&D, o USDA aumentou a estimativa de importação chinesa para 13 milhões de toneladas, 82,7%, ou 6 milhões, acima do relatório de outubro e 71,1%, ou 5,4 milhões de toneladas, acima do importado na safra passada. O governo asiático ainda não divulgou nenhuma alteração em sua cota anual de importação, atualmente em 7,2 milhões de toneladas. Contudo, o mercado segue bastante otimista em relação ao aumento das aquisições chinesas, visto que, com a queda na produção, ocasionada pelo tufão que atingiu as plantações no país, e o aumento da demanda por ração, em função da recuperação do rebanho de suínos, existe uma boa probabilidade de que a China tenha que aumentar suas importações de milho.

Além disso, a forte alta nos preços locais do cereal está totalmente relacionada à quebra da safra ucraniana. O país foi atingido por um clima quente e seco significativamente mais intenso que o normal durante os meses de julho e agosto, prejudicando o rendimento das lavouras, reduzindo a área colhida e impactando a produção. O USDA reduziu a estimativa de produção do país europeu para 28,5 milhões de toneladas, 20,5%, ou 7,4 milhões de toneladas, abaixo do colhido na safra 2019/20. O Ministério da Economia da Ucrânia estima a produção em 33 milhões de toneladas, porém algumas projeções indicam que a safra atingirá o volume de apenas 26 milhões de toneladas.

Ucrânia | Anomalia de precipitação (mm)

Fonte: NOAA.

Em função da forte elevação nos preços de milho no país, consequência da quebra de safra, a competitividade do grão ucraniano deve ser significativamente impactada. Desse modo, a projeção de exportação para a safra 2020/21 do país europeu foi reduzida para 22,5 milhões de toneladas, 25,7% abaixo do estimado para a safra anterior.

Ucrânia | Evolução da produção e das exportações de milho (milhões de toneladas)

Fonte: USDA. *Estimativa.

Nas últimas três temporadas, a Ucrânia teve uma participação acima de 80% nas importações chinesas. Portanto, em um ciclo marcado por um provável aumento das aquisições do gigante asiático e pela queda do excedente exportável de seu principal fornecedor, surge a oportunidade para que outro importante exportador ganhe espaço no mercado chinês.

Os principais candidatos para suprir a demanda do gigante asiático são Argentina, Brasil e EUA, os três maiores exportadores do grão. Contudo, a safra atual de milho sul-americana também está sendo marcada por adversidades climáticas e, consequentemente, fortes incertezas em relação ao volume produzido na região. Ademais, no Brasil, ainda é preciso revisar um protocolo entre os dois países, para permitir a exportação do cereal para a China. Desse modo, a situação pode ser considerada mais favorável aos norte-americanos, principalmente levando em consideração que, com a eleição de Joe Biden, o relacionamento entre China e EUA poderá ser menos tumultuado do que no governo Trump, além de o país asiático já estar comprando grandes volumes do cereal norte-americano.

João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.

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