AÇÚCAR & ETANOL
Ana Luiza Lodi

Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.

Demanda chinesa aquecida pela soja brasileira também envolve riscos

Caso EUA e China entrem resolvam suas questões comerciais, o Brasil precisará buscar compradores que migraram para os EUA

A demanda pela soja brasileira está muito aquecida, em meio ao contexto de guerra comercial com a taxação de 25% sobre a soja norte-americana imposta pela China. Com isso, o maior importador mundial está buscando originar o máximo possível da oleaginosa no Brasil.

Entre janeiro e agosto de 2018, o Brasil exportou 64,6 milhões de toneladas de soja, sendo que 50,85 milhões tiveram como destino a China, ou 79% do total. Em comparação ao mesmo período do ano passado, as proporções são semelhantes, já que entre janeiro e agosto de 2017, 77,5% da soja brasileira exportada, ou 44,1 milhões de toneladas de um total de 56,9 milhões de toneladas, foram destinados à China. Entretanto, em termos de volume, os embarques para a China aumentaram quase 7 milhões de toneladas entre janeiro e agosto, com o acumulado chegando perto do total observado no ano passado.

Gráfico 1: Exportações de soja para a China (milhões de toneladas)

Fontes: USDA; Secex.

Como nos meses finais do ano, a disponibilidade de soja no Brasil deve ficar bastante reduzida, há apostas de que a China precisará comprar soja dos EUA. Por outro lado, autoridades chinesas continuam a afirmar que não será necessário importar soja dos EUA e diminuíram as previsões de importações no ano safra 2018/19 para 83,65 milhões de toneladas, 10 milhões de toneladas a menos que a estimativa anterior de 93,8 milhões de toneladas.

Em meio a esse cenário, outros países estão direcionando suas compras de soja para os EUA, já que não há a incidência da tarifa de 25% e os preços estão pressionados, com a falta da China e com a safra recorde que está sendo colhida. Na última semana, a União Europeia afirmou que os Estados Unidos já são os maiores fornecedores de soja para o bloco, tendo ultrapassado o Brasil, considerando as 12 semanas desde julho, quando EUA e União Europeia firmaram um acordo comercial, que envolvia aumentar as compras de soja. Desde o começo do ano, o Brasil ainda responde pela maior parte da soja exportada para o bloco.

Por mais que o contexto de demanda esteja favorável para o Brasil, com a China respondendo por uma fatia cada vez maior das exportações brasileiras da oleaginosa, situação que deve se manter, pelo menos enquanto não haja algum tipo de acordo com os EUA, essa situação também traz riscos. O Brasil está “perdendo” outros compradores que não a China e numa situação em que China e EUA encontrem uma solução para a guerra comercial, as exportações da oleaginosa brasileira podem acabar prejudicadas. Com a China voltando a comprar produto norte-americano, o Brasil terá que “reconquistar” outros mercados de destino, que migraram para os EUA, em meio a um cenário de produção ainda maior de soja.

Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.

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