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Inteligência de Mercado

Este texto teve a colaboração de Ana Luiza Lodi, Mariana Godoi, Felipe Vázquez, Luigi Bezzon.

La Niña e o inverno norte-americano: impactos sobre o mercado de trigo, algodão e fertilizantes

O clima é a principal variável que determina uma safra cheia ou uma quebra. Atualmente, as atenções estão voltadas para as safras de inverno no hemisfério norte, com vários países se deparando com um clima aquém do ideal. Ademais, o La Niña é mais um fator que reforça as preocupações com possíveis impactos adversos sobre as lavouras.

Nos EUA, o clima mais seco predomina na região das planícies já há alguns meses, sendo que nos últimos 30 dias as precipitações ficaram muito abaixo do normal para o período nessa região, com o registro de seca recorde em algumas áreas. Destaca-se que cerca de 45% do território continental norte-americano está enfrentando condições de seca.

Para os próximos meses, as previsões do NOAA indicam condições mais secas e temperaturas mais elevadas na metade sul dos EUA, enquanto mais ao norte o clima deve ficar mais frio e chuvoso. Em parte, essas previsões têm influência do fenômeno La Niña, que pode intensificar ainda mais essas perspectivas climáticas nos meses de inverno.

Diante desse cenário, as previsões para as condições de seca nos EUA também se mantêm nos meses de inverno, da metade para a região oeste do país. Nas seções seguintes, analisamos impactos dessas perspectivas sobre o mercado de trigo e algodão, além de consequências para os fertilizantes.

EUA | Previsão de temperaturas – dez a fev (% de probabilidade)

Fonte: NOAA.

Fertilizantes

O início do inverno no hemisfério norte traz consigo a baixa temporada do mercado norte-americano de fertilizantes. A finalização da colheita das safras de grãos e algodão inicia as adubações de manutenção do solo, com foco na aplicação de amônia, em preparação para a estação mais fria. Ademais, o país conclui seu plantio do trigo do inverno, com expectativa de que os trigais já tenham emergido e iniciado seu desenvolvimento reprodutivo antes da ocorrência da primeira neve do ano – a tempo do recebimento da cobertura de neve, que protege os campos das nevascas e fortes ventos.

As perspectivas para o inverno, no entanto, vão além de sinalizações para a safra de trigo de inverno, ou para o plantio de algodão na primavera, servindo também para identificação de possíveis gargalos logísticos no Mississippi. O rio se destaca como principal canal de navegação das barcaças de fertilizantes saídas de Nova Orleans, na Louisiana. O porto se destaca na importação de adubos nos Estados Unidos, e os preços nessa localidade servem de benchmark para o mercado internacional.

Neste sentido, a viabilidade de navegação rio acima – até as regiões produtoras de grãos no Meio-Oeste – tendem a influenciar as cotações em NOLA. Sazonalmente, o congelamento das vias do Mississippi e afluentes paralisa o transporte de fertilizantes, sendo primordial a análise das tendências para o inverno. De tal modo, considerando as previsões do NOAA para a costa sul – de maior probabilidade de temperaturas mais elevadas e precipitação aquém do normal – restrições logísticas devem ser observadas com maior intensidade no norte, onde o quadro climático deve ser invertido, podendo delongar o período de descongelamento do rio em 2021.

EUA | Previsão de preciítação – dez a fev (% de probabilidade)

Fonte: NOAA.

Trigo

O trigo Hard Red Winter (HRW) é responsável por quase 40% da produção total do cereal nos EUA, sendo cultivado principalmente nos estados das Grandes Planícies, com destaque para Kansas, Oklahoma e Texas. O ciclo atual tem sido marcado pela seca severa que atinge a maior parte dessa região, o que traz preocupações.

Os atrasos nos períodos de chuva, no entanto, aceleraram o ritmo de plantio, com o último relatório de progresso de safra do USDA estimando que 77% do trigo de inverno já havia sido plantado, contra a média de 5 anos de 72%. Consequentemente, a taxa de emergência de 51% também está à frente da média de 48%. Em Kansas, o principal estado produtor do HRW, o desenvolvimento está bastante avançado, com 61% das lavouras já tendo emergido contra a média de 46%.

Sementes de trigo saudáveis geralmente permanecem em boas condições sem se deteriorar ou apodrecer por muito tempo mesmo em solos secos, germinando eventualmente quando a chuva chega. No entanto, a baixa umidade do solo durante o período em que ocorre o enraizamento e a emergência dos grãos de trigo criam uma cultura mais suscetível a um inverno mais rigoroso, ao não fornecer as condições de solo adequado para a fase de dormência. O trigo de inverno entrará em seu estágio de dormência entre o final de novembro e início de dezembro, com a chegada mais volumosa da neve e sem a umidade adequada do solo, os rendimentos estão em risco.

Segundo o NASS, o inverno deve ser marcado pela continuidade do clima quente e seco em no Texas e partes do Kansas, as principais regiões produtoras de HRW, o que deve prejudicar o desenvolvimento das lavouras em uma fase crucial para a determinação do potencial produtivo. Isto porque, durante o inverno, o HRW depende da cobertura de neve para a proteção dos trigais contra os fortes ventos glaciais, estendendo também o período de desenvolvimento reprodutivo dos cereais. Um inverno mais quente pode afetar a profundidade da cobertura de neve, deixando as lavouras expostas ao frio e ainda reduzir a umidade do solo na primavera.

Além disso, precipitação prevista nos principais estados produtores deve reduzir ainda mais a umidade do solo, dificultando o acúmulo de partículas de água congeladas, já que estas devem ser absorvidas com mais rapidez do que em condições de seca menos intensa. Após o descongelamento, o equivalente da neve em água garante a manutenção da umidade do solo nos meses que antecedem o plantio do algodão (abril e maio) e a colheita do HRW (junho e julho).

Assim, caso concretizadas as previsões, as temperaturas mais elevadas em regiões produtoras de trigo de inverno, como o norte do Texas, o acúmulo de água, e seu congelamento consequente, podem ser dificultadas. Para o HRW, uma menor profundidade da cobertura da neve pode significar uma proteção menos eficaz contra o clima rigoroso do inverno norte-americano, o que pode vir a comprometer as expectativas de produção do cereal.

EUA | Previsão de seca – dez a fev

Fonte: NOAA.

Algodão

A perspectiva de tempo mais seco e quente do que o normal durante o inverno na porção sul dos Estados Unidos, onde se encontram majoritariamente os algodoais do país, pode resultar em menor acúmulo de neve nesta região. Tal cenário levaria à redução da densidade da camada de cobertura de neve sobre o solo e possivelmente a uma menor umidade do terreno. Isto pois, o desgelo, que ocorre durante a primavera norte-americana, resulta na transformação da água congelada em recurso hídrico para as camadas do solo, favorecendo a absorção até o subsolo.

Considerando o atual quadro de seca predominante no país, uma cobertura de neve adequada favoreceria a manutenção da umidade do solo até o início do plantio da safra de algodão na primavera, no segundo trimestre do ano – essencial para o bom desenvolvimento reprodutivo dos algodoeiros e posteriormente de suas maçãs. Neste sentido, o quadro climático esperado pelo NOAA suscita a hipótese de adversidades para o algodão no que se refere às condições do solo em 2021. Conforme avança a colheita norte-americana, que atualmente está em 34% do total, a atenção do mercado deverá se voltar para os fatores climáticos que poderão afetar a próxima safra. relativa da oferta.

O panorama mais adverso é o do Texas, maior produtor da pluma norte-americana. O estado se encontra sob um cenário de seca, especialmente à oeste e no panhandle. A superfície e o subsolo apresentam, respectivamente, 74% e 68% do terreno em condições abaixo ou muito abaixo de umidade adequada. A safra, por sua vez, apresenta apenas 27% em condição boa ou excelente. Considerando o histórico, em anos de influência de La Niña, a cobertura de neve tende a ser menor, sinalizando que, apesar da seca anual, o inverno de 2020 deve trazer um cenário de ainda menor umidade – como esperado pelo NOAA para o oeste do país. Em consequência, espera-se uma piora no quadro de seca no Texas, podendo trazer impactos sobre a produtividade que em 2020 foi de 854 kg/ha.

No Delta do Mississipi e na Geórgia, as perspectivas são menos desfavoráveis à pluma. Inicialmente, pois as regiões não herdam uma conjunção propriamente negativa deste ciclo. Ambos possuem condições de safra e de umidade no solo acima da média norte-americana, bem como suas respectivas produtividades. Ao sul da Georgia, onde se encontra grande parte dos algodoais, o NOAA prevê o desenvolvimento de um quadro de seca. A probabilidade de temperaturas mais altas é de 60 a 70%, enquanto a diminuição da pluviosidade deve ocorrer com 40% a 60% de probabilidade. Quadro similar é traçado para o Delta, especialmente em sua porção sul. Ao longo dos próximos meses, a evolução mais concreta do clima norte-americano tende a ser crescentemente importante para a determinação dos preços de mercado. Em um primeiro momento, contudo, a cenário atual indica a possibilidade de um suporte ao aumento das cotações em vista da diminuição

 

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Este texto teve a colaboração de Ana Luiza Lodi, Mariana Godoi, Felipe Vázquez, Luigi Bezzon

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