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Ana Luiza Lodi

Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.
Este texto teve a colaboração de Gabriela Fontanari.

Condições de safra de grãos nos EUA aquém da média podem impactar consumo de fertilizantes no outono

Aplicações de cobertura menores podem influenciar rendimentos da safra 2019/20

A safra de grãos dos Estados Unidos estará em suas etapas finais de desenvolvimento nos próximos meses, com o início da colheita esperada para o final de setembro, em decorrência dos atrasos do plantio das lavouras durante a primavera. Em um ano marcado por surpresas climáticas e crescentes tensões comerciais, diversas incertezas orbitam o balanço de oferta e demanda 2019/20 de soja e milho.

O cenário para o consumo de fertilizantes segue mesma linha. Os Estados Unidos se destacam como maior comprador sazonal no primeiro trimestre do ano, tendência que não se concretizou em 2019 devido às inundações de primavera, que dificultaram a aplicação dos nutrientes, em especial dos nitrogenados nas lavouras de milho. Não obstante, as definições de área plantada e perspectivas de produtividade das lavouras ditará a demanda norte-americana durante o outono no hemisfério norte, período no qual os agricultores realizam as aplicações de cobertura de suas safras.

Segundo último acompanhamento de safra do Departamento de Agricultura dos EUA, o percentual dos milharais em condições boas ou excelentes atingiu sua mínima em sete anos, ao totalizar apenas 56% até o dia 18 de agosto. A safra de soja segue tendência similar, com cerca de 53% das lavouras em estado bom ou excelente. As condições dos campos têm se mantido dentro de uma faixa estreita (vide gráfico 1), mas chuvas registradas na última semana devem se provar benéficas ao desenvolvimento dos grãos, com destaque para a soja, cujas lavouras estão passando pelo enchimento de grão, fase considerada chave para o resultado final da produção.

Não obstante, no último dia 12, o USDA divulgou os dados coletados em novo levantamento de área plantada junto aos produtores de grãos do Meio Oeste e Delta do rio Mississippi. Os números surpreenderam o mercado ao apontar uma área plantada de milho superior ao que era estimado pelo mercado, enquanto a área de soja registrou um recuo expressivo, perante a projeção divulgada no final de junho. Como a janela de plantio da soja é algumas semanas mais tardia que a do milho, esperava-se que a área cultivada com o cereal fosse menor e que houvesse migração de última hora para o milho, em meio às chuvas excessivas durante maio e junho.

O levantamento realizado junto aos agricultores em 18 estados norte-americanos sinalizou que foram semeados de 36,42 milhões de hectares de milho, que representa uma queda de 2,0% em relação à área de 37,11 milhões de hectares projetada no final de junho. Mesmo assim, a maior parte do mercado apostava numa queda mais acentuada. O resultado de agosto ficou acima do teto das expectativas. A extensão dedicada à soja ficou em 31,04 milhões de hectares no ciclo 19/20, nível, por outro lado, abaixo do piso do que o mercado esperava.

Em relação à produtividade, o USDA projeta uma queda de 4,0% para o milho e de 6% para a soja em 2019/20, em decorrência de condições climáticas menos favoráveis no momento do plantio, e também no desenvolvimento das plantas, e devido a menores aplicações de fertilizantes no pré-plantio e semeadura da safra. Contudo, apesar desta queda projetada para os rendimentos em comparação ao ano passado, o Departamento surpreendeu ao revisar o número do milho para cima, em comparação a julho, o que pode ser reflexo da metodologia utilizada para o levantamento. Em setembro, o USDA vai divulgar revisões, com a produtividade refletindo levantamentos junto a produtores.

A despeito dos números revisados do USDA favorecerem uma maior demanda por fertilizantes nitrogenados devido à maior área plantada de milho, a perspectiva de menores rendimentos dos milharais e os programas de subsídios do governo estadunidense podem influenciar os agricultores a investirem menos nas aplicações de adubo no outono. As recentes quedas expressivas observadas nas cotações do milho em Chicago, seguindo a publicação do relatório WASDE, também auxiliaram em tornar nutrientes como a ureia e o potássio mais onerosos aos produtores norte-americanos.

No que tange à soja, cultura que demanda maior volume de fosfatados e potássicos, as aplicações de cobertura, realizadas no outono norte-americano, representam o segundo maior pico de demanda por DAP nos EUA, e devem se mostrar inferiores ao esperado anteriormente pela indústria de fertilizantes, esta que aguarda compras mais aquecidas para conceder fôlego aos elevados estoques domésticos. O sentimento baixista levou a um recuo das cotações das barcaças em Nova Orleans para sua mínima em 10 anos, em USD 289,0/tonelada-curta (USD 321,22/tonelada métrica).

Deste modo, apesar da perspectiva de um clima mais quente e seco no Meio Oeste no decorrer dos próximos três meses, a expectativa de rendimentos mais baixos das safras de milho e soja, além dos programas governamentais de remuneração aos agricultores impactados pela guerra comercial, pode levar a um consumo mais arrefecido dos fertilizantes no outono. Não obstante, caso a demanda interna se manifeste, os elevados estoques de NPK, acumulados desde as fortes importações norte-americanas no primeiro semestre, devem manter limitados os impactos positivos das entregas nas cotações internacionais dos fertilizantes, com viés positivo mais facilmente a ser observado nos preços das barcaças em Nova Orleans.

Ana Luiza Lodi

Formada em Ciências Econômicas pela UNICAMP com Mestrado em Teoria Econômica pela mesma universidade. Trabalha desde 2012 na Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil, com foco na área de grãos.
Este texto teve a colaboração de Gabriela Fontanari

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