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Leonel Oliveira Mattos

Analista de Câmbio da Equipe de Inteligência de Mercado da StoneX. Formado em Ciências Econômicas pela Unicamp, Leonel é mestre em Desenvolvimento Econômico pela mesma instituição.

Dólar fecha terça em alta, cotado a R$ 5,50

Câmbio reflete valorização da moeda americana no exterior e novas incertezas fiscais no Brasil

Após abrir a manhã em queda, o par real/dólar inverteu sua trajetória e encerrou a terça-feira (16) em elevação, cotado a R$ 5,500, ganho de 0,8% comparado ao fechamento de sexta. Já o dollar index disparou e terminou o pregão cotado a 95,9 pontos, variação de +0,5% ante à véspera e maior registro desde julho de 2020. A divisa americana manteve seu forte rali no dia de hoje amparada pelos comentários do presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, de que a autoridade monetária americana necessita estar preparada para atuar de forma mais decisiva contra a aceleração de preços caso os índices de inflação não se reduzam nos próximos meses. Contribuiu para os ganhos da moeda estadunidense, também, a realização de uma reunião bilateral virtual entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, vista amplamente como um esforço de ambos os países para melhorar suas relações internacionais. No cenário doméstico, comentários do presidente da República, Jair Bolsonaro, de que pretende reajustar os salários todos os de servidores federais caso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios seja aprovada no Senado renovou preocupações sobre a estabilidade fiscal em 2022.

O mercado de divisas observou o fortalecimento generalizado do dólar perante as demais divisas do mundo. Em entrevista à televisão, o presidente do Federal Reserve (Fed) de St. Louis, James Bullard, afirmou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) deve estar preparado para atuar de maneira firme caso os níveis de preços não reduzam nos próximos meses. “Se a inflação por acaso ceder, nós estamos bem-posicionados para isso. Se ela não ceder tão rapidamente, é dever do FOMC mantê-la sob controle”, argumentou a autoridade de St. Louis. Bullard repetiu sua previsão de que o Banco Central americano deveria elevar as taxas de juros duas vezes ao longo de 2022 e declarou que o Fed deveria considerar acelerar o ritmo de cortes no programa de compra de ativos do Fed caso os preços se mantenham em níveis elevados, dobrando a redução mensal na aquisição de títulos, de US$ 15 bilhões para US$ 30 bilhões. A próxima reunião do FOMC ocorrerá nos dias 14 e 15 de dezembro.

A fala do representante do Fed se somou à divulgação de dados acima do esperado para as vendas do varejo e produção industrial nos Estados Unidos para o mês de outubro. As vendas no varejo se expandiram em 1,7% na passagem de setembro para outubro, ao passo que a mediana das expectativas de analistas apontava para crescimento de 1,0%. A demanda continua aquecida às vésperas do fim de ano, em que pese dificuldades logísticas e estoques reduzidos por parte dos comerciantes. Já a produção industrial se elevou 1,6% no mês de outubro, ante uma mediana das estimativas de 0,9%, se recuperando da queda pontual de setembro após furacões no sul do país e uma onda de coronavírus. Destaca-se, ainda, a recuperação produtiva no setor automotivo, um dos mais impactados pelos desequilíbrios entre oferta e demanda após a pandemia de Covid-19.

Analistas do mercado de moedas repercutiram, também, a reunião bilateral virtual de três horas e meia entre os líderes dos Estados Unidos e da China realizada ontem, que constitui a comunicação mais estreita entre os dois países desde que Biden assumiu a presidência dos EUA, em janeiro. Embora não se tenha atingido nenhum progresso imediato para as relações econômicas ou políticas entre os países, ambas as potências abordaram temas espinhosos em seu convívio e buscaram reforçar que a cooperação prevaleça sobre a competição entre ambos. Enquanto Pequim destacou em seu comunicado após a reunião termos como o “respeito mútuo” entre as nações em “uma nova era”, a Casa Branca frisou o estabelecimento de “barreiras de segurança” no relacionamento entre os países e a necessidade de se “manter as comunicações abertas”. Em tempos recentes, Estados Unidos e China elevaram as tensões diplomáticas em torno da estabilidade política em Taiwan e incrementaram os exercícios militares realizados no sudeste asiático. Por outro lado, chegaram a um raro acordo para a redução na emissão de gases causadores do aquecimento global na COP26. Os mercados financeiros, em geral, reagiram de forma positiva ao engajamento entre os dirigentes dos países como sinal de que há um maior entrosamento diplomático com o presidente Joe Biden do que havia com seu antecessor, ainda que as negociações sejam muito complicadas as duas maiores economias do mundo.

No cenário doméstico, preocupações com a responsabilidade fiscal do governo Bolsonaro em ano eleitoral voltaram à tona. O presidente declarou à imprensa em viagem internacional que, caso a PEC dos Precatórios (PEC 23/21) seja aprovada, ele pretende conceder um aumento salarial para todos os servidores federais, “sem exceção”. Segundo o presidente, “a inflação chegou a dois dígitos. Conversei com o [ministro da Economia] Paulo Guedes, e em passando a PEC dos Precatórios, tem que ter um pequeno espaço para dar algum reajuste. Não é o que eles [servidores] merecem, mas é o que nós podemos dar”, assegurou. Segundo cálculos do Ministério da Economia, a PEC criará um espaço de R$ 91,6 bilhões no orçamento em 2022 ao limitar a quantidade de dívidas judiciais do setor público serão pagas e modificando o cálculo do limite constitucional de despesas.

No cenário externo, o mercado de divisas observou o fortalecimento generalizado do dólar perante as demais divisas do mundo, e o dollar index disparou e terminou o pregão cotado a 95,9 pontos, variação de +0,5% ante à véspera e maior registro desde julho de 2020. Divisas pares do real, como o peso chileno, o peso colombiano, o peso mexicano, a lira turca, o rand sul-africano, a rúpia indiana e o rublo russo se desvalorizaram perante o dólar, e o Índice de Moedas Emergentes do J.P. Morgan encerrou a sessão em 54,239 pontos, queda de 0,6% em relação ao fechamento de segunda e seu menor valor desde novembro de 2020.

Leonel Oliveira Mattos

Analista de Câmbio da Equipe de Inteligência de Mercado da StoneX. Formado em Ciências Econômicas pela Unicamp, Leonel é mestre em Desenvolvimento Econômico pela mesma instituição.

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