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João Lopes

João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.

Demanda por têxteis turcos deve crescer em detrimento do sudeste asiático

Importação de algodão deve diminuir no sudeste asiático

No início do ano, foi anunciada a presença de 41 pacientes no hospital da cidade chinesa de Wuhan, infectados com um novo tipo de coronavírus. Desde então, o número de infectados cresceu de maneira exponencial. Até o momento, a epidemia conta com mais de 45 mil infectados, mais de 1.110 mortos e registros de casos em quase 30 países.

O governo chinês tem tomado algumas medidas para enfrentar a expansão do surto. Entre elas, a quarentena na cidade de Wuhan, encerramento do transporte em algumas cidades e o prolongamento do feriado do Ano Novo Lunar até dia 10 de fevereiro, o que suspendeu as atividades da indústria têxtil da gigante asiática.

A China é a principal fabricante de produtos têxteis no mercado global e uma importante agente no mercado mundial de algodão. De acordo com o USDA, a gigante asiática foi, na safra 2018/19, a maior demandante e a maior produtora da fibra natural. Desse modo, a conjuntura doméstica chinesa tem capacidade para influenciar as cotações da pluma nas principais praças internacionais e, portanto, o mercado acompanhará de perto o rumo tomado pela atividade industrial chinesa após a epidemia.

A atividade fabril na China registrou no mês anterior seu menor ritmo desde agosto. O índice dos gerentes de compra (PMI) da indústria, recuou de 51,5 em dezembro para 51,1 em janeiro. Contudo, o índice ficou acima de 50 pontos, patamar que separa o crescimento da contração. A fraca demanda contribuiu significativamente para a queda na manufatura, com o número de novos pedidos caindo para o menor nível desde setembro de 2019.

Gráfico 1 –  Evolução do PMI Indústria – China

Fonte: IHS Markit/Caixin. Elaboração: StoneX.

O PMI, elaborado pela IHS Markit em parceria com a Caixin China, aborda aspectos do mercado de trabalho, preços e custos, produção, estoques e vendas do setor manufatureiro como um todo, indicando trajetória e intensidade da expansão ou retração da atividade do setor secundário. Entretanto, é importante ressaltar que o impacto do coronavírus não foi completamente refletido na pesquisa, já que as respostas ocorreram antes no Ano Novo Lunar e, portanto, antes da disseminação generalizada do vírus, não captando a totalidade dos impactos econômicos.

Devido ao período de instabilidade e incerteza pelo qual o setor têxtil está passando, com a paralização temporária das atividades e diversos negócios sendo prejudicados na China, muitos dos compradores podem optar por negociar com outros importantes produtores de têxteis, abrindo espaço para concorrentes chineses, como a Turquia.

A indústria têxtil é um dos setores-chave para a economia turca e compradores internacionais desses produtos têxteis veem a Turquia como uma rentável alternativa à China, devido à alta qualidade de seus produtos, rápida reação aos aumentos de demanda e preços acessíveis. A união dos exportadores de têxteis e vestuários de Istanbul espera por um aumento significativo nos pedidos entre abril e maio. Em janeiro, o PMI da Indústria avançou para 51,3, o maior em 22 meses. Foi também a primeira vez nos últimos 22 meses que o índice superou o marco de 50,0, dando indício de uma melhora no ritmo da atividade industrial após ter enfrentado desde a metade de 2018 uma intensa desaceleração econômica e tensões diplomáticas com os EUA.

Gráfico 2 –  Evolução do PMI Indústria – Turquia

Fonte: IHS Markit. Elaboração: StoneX.

A recuperação na atividade industrial turca pode impactar diretamente a demanda pelo algodão brasileiro. O país sul-americano é um dos principais fornecedores da fibra natural para a Turquia, sendo que em 2019, o país euroasiático foi o quinto principal destino das exportações da pluma do Brasil.

Outro país que deve ser impactado pela epidemia do coronavírus e pela desaceleração da indústria têxtil chinesa é o Vietnã. A cadeia têxtil do país é caracterizada por baixas tarifas de exportação, mão-de-obra abundante e relativamente barata, fazendo com que o setor seja atrativo ao investimento direto externo. O país foi em 2018 o quarto maior exportador de têxteis e, de acordo com o USDA, foi o segundo maior importador de algodão. Contudo, muitos insumos utilizados na cadeia têxtil vietnamita são provenientes da China e com o surto do nCoV, o país está enfrentando dificuldades para adquirir tais materiais. Como consequência da limitação à finalização dos produtos têxteis imposta pela escassez de insumos para o setor, a importação de algodão pelo país pode também desacelerar.

Além da questão dos insumos, o medo de uma maior disseminação do vírus também tem prejudicado o comércio no sudeste asiático. Muitas viagens de negócios para a região estão sendo canceladas, e mesmo com reuniões sendo realizadas à distância, os países têm registrado dificuldades para a concretização de contratos. O PMI da indústria, recuou de 50,8 em dezembro para 50,6 em janeiro no Vietnã.

É difícil afirmar quais serão os impactos sobre o setor têxtil e, consequentemente, sobre o mercado de algodão. A possível redução na atividade têxtil chinesa e vietnamita pode transferir a demanda por esses produtos para outros importantes produtores, como a Turquia. Além disso, a desaceleração do setor no sudeste pode também reduzir as importações da pluma na região, o que afetaria principalmente Brasil e EUA. Em contrapartida, impacto na demanda pelo algodão dos países americanos deve ser suavizado pelo possível aumento da demanda em outros país, principalmente a Turquia, importante compradora das plumas brasileira e norte-americana.

Gráfico 2 –  Evolução do PMI Indústria – Vietnã

Fonte: IHS Markit. Elaboração: StoneX.

 

João Lopes

Graduado em Ciências Econômicas pela UNICAMP. Integra o time da Inteligência de Mercado da StoneX do Brasil desde 2019 nos mercados de Grãos e Pecuária.

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